quinta-feira, 12 de abril de 2012

Eadem mutata resurgo




Hoje fui na sala da professora coordenadora para pegar sua assinatura como manda a burocracia. É lógico que ficar na sala de um professor sem esperar uma interrupção na sua conversa é quase impossível. Mas isso são ossos do ofício com os quais um estudante aprende a conviver e esperamos, quase inertes, a atenção do professor voltar. Mas em alguns casos a espera, em pé, na sala de um professor nos leva à reflexão, ou calma. É claro que quando isso acontecia comigo no começo eu ficava bastante perturbada, primeiramente com o fato de ter que esperar em pé, às vezes no corredor. Esperar sentado seria muito menos desconfortável. Em segundo lugar, a falta de ter o que olhar. O que um professor universitário tem dentro de sua sala? Pilhas de papéis, um armário com ou sem fotos, no caso da minha antiga orientadora uma bandeira do Corinthians, porta-retratos, mas nada com o que você se sinta super distraído ou super a vontade de olhar, em pé.

Mas como eu disse, aprendi a conviver com a espera, a longa espera de 10 minutos na sala de um professor, a longa espera por uma autorização, a espera pelo reagente, a longa espera da bolsa.. esperas que nem são tão longas a sim, mas que de tão esperadas se tornam infinitamente maiores. Esperas por coisas que simplesmente não dependem da gente.
Sendo assim, hoje a espera na sala da professora, que teve que atender um telefonema e ao mesmo tempo estava montando uma palestra e também estava tentando assinar o papel que eu havia dado a ela, não foi longa.
Isso porque eu vi um prato. Um prato na parede. E depois vi uma xícara. O prato e a xícara tinham estampados emblemas de comemoração de décadas do curso de ecologia.
E ao redor do prato estava escrito: EADEM MUTATA RESURGO.
Fiquei imaginando o que significava isso. Esperei ela desligar o telefone e me pedir simpaticamente desculpa pela espera (ela é muito simpática), eu disse obrigada e perguntei o que significava aquela frase.
Engraçadamente ela me respondeu que um dia ela soube o que significava aquela frase. Que pena, pois aquilo estava pendurado na sala dela, bem na frente dela, diariamente.
Então ela me disse que na época da comemoração do xx anos do curso, o coordenador da época lhe explicou o que significava e ela achou muito legal. Mas hoje em dia ela não lembra mais o que significa. A vida da gente é tão corrida que esquecemos nossos próprios emblemas..
É lógico que fui atrás do significado, pois amo essas frases e lemas. E aí descobri que ela foi pronunciada por um matemático chamado Jaboc Bernoulli, um cara que inteligentíssimo que descobriu entre outras coisas, a constante e, o número de Bernoulli e coisa e tal. Ele curtia estudar equações diferenciais difícieis e leis de espirais.. Chegando ao ponto que eu queria, ele quis que na sua lápide tivesse esculpida uma espiral logarítmica e o lema Eadem mutata ressurgo, que quer dizer: “Mudado e ainda o mesmo, eu ressurjo novamente”.
O Jacob está certo.. e ele expressou muito bem esse pensamento de renovação que é muito mais antigo que ele.. Heráclito já dizia: “No mesmo rio entramos e não entramos, somos e não somos”.
Essa base de movimentos da espiral almejada na lápide de Jacob representa nossa resistência à adversidades, e ao mesmo tempo a espiral segue em frente, se renovando e se renovando.. e como dizia o Rei: é o ciclo da vida..
O engraçado disso tudo é que os pedreiros no cemitério desenharam na lápide uma espiral arquimedeana, e não a que ele queria.. Em breve posto a diferença entre as duas..
Bom dia a todos!








3 comentários:

  1. Muito legal a ideia do site, Rê! É realmente digna de histórias essa vida de mestrando! Boa sorte! Bjoca. Fer.

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  2. Brigada Ferrr!
    essa vida acadêmica, várias pérolas heuehueheu

    bjokas

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