Embora saibamos que temos muito a fazer.. terminar relatórios (ou começá-los!),
capítulos, campos, logísticas... no fim do ano sempre nos cabe um tempinho de
reflexão sobre ideias não práticas, porém mais profundas e talvez
muito mais importantes que nos levam a ser quem nós somos.
Diferente do fim de 2012, o fim de 2013 não me
causou uma sensação de “fiz tudo que deveria ter feito”. Não estou aliviada,
não estou conformada por ter passado o ano conformada. Sim, 2013 inteiro foi um
ano de conformidade com o mundo para mim. Foi o ano da resignação, foi o ano do
let it be, foi o ano em que trabalhei como formiguinha sem me importar muito
com o resultado, já assumindo que tenho um efeito ínfimo no movimento da roda
do mundo.
Talvez eu esteja com consciência ecochata ativista pesada.
Não que eu ache que fiz pouco pelo meio ambiente
considerando minhas possibilidades, mas acho que falta muito para eu me tornar
a bióloga-cidadã-ambientalista-livre-pensadora que eu quero ser. E acho que não
é só comigo.
No âmbito “mestrado”, sinto que cumpri todas as
obrigações que cabiam a mim, e com primor. Agora, por inércia e dose maior de
dedicação, me envolver tanto no MEU mestrado me sugou muito do mundo real. Eu
vivi na bolha do mestrado. No berço confortável e desconfortável do
individualismo ou da bolha menor de interações que coube ao meu círculo de
trabalho.
E o que é mundo real para mim? Mundo real é me
importar com coisas além do meu próprio umbigo, é ter uma percepção não vaga e
muito menos resignada enquanto ser social, representante de um órgão de classe
(biólogos), poderia ter feito mais para mudar o que me incomoda, mudar os erros
ou outcomes da atividade humana que
me levaram a escolher essa profissão em primeiro lugar.
Talvez isso soe muito aulinha de ciências sociais,
geografia e biologia, mas ABSOLUTAMENTE TUDO o que me motivou a ser bióloga
quando eu tinha sei lá, 8 anos, continua por aí!!! E é tudo tão lógico e óbvio...
Sobrepesca, poluição, contaminação, caça predatória, tráfico ilegal de animais
silvestres, erosão e degradação de solo, falta de água potável e saneamento,
crescimento acelerado da população humana, mudança climática, desmatamento e
bycatch (o que vem a mente: pobres tartatugas!).
Se alguém por aí tiver alguma retrospectiva cientifica
que me mostre que alguns desses aspectos estão melhorando globalmente, me
mostre, compartilhe!
A intensão desse post não é a priori ser um ensaio
profundo das inconformidades de umabióloga, é apenas uma visão superficial de
algo que me incomodava pungentemente e agora o que me incomoda é não ter me
incomodado tanto esse tempo todo, por razões egoístas. Onde está aquela estudante
que acompanhava as notícias ambientais diariamente?? Agora tudo é.. “eu sabia”,
“o dinheiro sempre fala mais alto”. As causas socio-ambientais deveriam ser uma
prioridade!
Agora e você, por que você decidiu ser biólogo em
primeiro lugar? Você se tornou a pessoa que você sonhou em ser?
Diga nos comentários!
A frase de 2014 será, como dizia a música do teatro
mágico: NÃO ACOMODAR COM O QUE INCOMODA.
Um abraço a todos os leitores do blog, biólogos,
ecólogos, pós-graduandos e graduandos guerreiros querendo entender a
complexidade da vida de das secretarias de pós!
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