segunda-feira, 12 de março de 2018

Divulgação Científica é preciso

Oi pessoal,


Como está essa correria? 
Esses dias saiu um post muito bom sobre como e por que escrever um press release no Sobrevivendo na Ciência. Além disso, tivemos uma discussão no twitter sobre onde enviar nossas divulgações. 
Também recentemente conheci a iniciativa da Gracielle Higino sobre Divulgação Científica. A Gracielle faz parte de um laboratório maneiro da UFAL, o LEQ. Neste link você pode ajudar a Gracielle a aumentar sua lista de canais de divulgação científica, bem como consultar os já existentes. Tem muita coisa legal lá! 
Pensando nisso decidi levantar todas as divulgações científicas que fiz até agora, e decidi divulgar a mais recente delas.

Com tantas iniciativas, só não divulga "sua" ciência quem não quer!
Recentemente, e pela primeira vez, falei sobre ciência em frente a uma câmera. Nota-se meu nervosismo, mas no geral é isso aí :) 



Parabéns à Julia Mortatti pela iniciativa e pesquisa com divulgação científica!
Aceito feedbacks sobre a minha fala, nunca tinha feito isso antes e fui pega no susto hehe.. No geral acho que eu falei demais, mas quando se trata de saúde, é bom colocar todos os pingos nos "is". Quem tiver dúvidas e sugestões, pode escrever aqui que eu respondo.
E quem quiser saber mais sobre nossos projetos com hantavírus, visite a biblioteca virtual da FAPESP ou o projeto INTERFACE.
E para quem quiser baixar as notícias e papers publicados no LEEC, visite nosso blog e nosso site











quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Como é trabalhar com Ecologia no Brasil?

            Oi pessoal, feliz 2018!

     Escrevi esse texto a pedido do Pavel Dodonov, que pediu inputs para que ele escrevesse um texto  recém publicado no Dynamic Ecology. Esse tema foi abordado em uma sequência de posts sobre como é fazer ciência e trabalhar com ecologia no Brasil ("Doing Ecology in Brazil"), e também em outros países. Adorei a experiência e o resultado final do texto do Pavel foi bem legal e positivo. Na sequência também vieram outros textos muito interessantes que contribuem muito com esta discussão, como por exemplo o do professor Marco Mello e o do professor Thiago Silva. Foram três posts diferentes com os quais me identifiquei muito e me ajudaram a refletir sobre a minha vida e a minha carreira. Alguns amigos que leram meu texto acharam bem legal e sugeriram que eu postasse aqui. O texto é em português, seguindo a linha do blog. Lembrando que são minhas impressões pessoais, peço que compartilhem também suas impressões aqui! Como é fazer ciência no Brasil para você?
     Trabalhar com ecologia aqui, onde eu estou, pode estar muito perto de representar a nata do ambiente de trabalho nesta área do Brasil. Temos um laboratório cheio de cadeiras estofadas (fator altamente limitante em muitos laboratórios de Universidades Federais), computadores e ar condicionado para agüentar mais de 30 graus no verão. O ar condicionado às vezes quebra, nos deixando um tanto desapontados. A internet é péssima e, nos cinco anos de pós graduação por aqui, é um starter para conversas. Tipo ao invés de falar do calor, da chuva, se fala em como a internet está ruim! O banheiro do departamento é limpo e tem papel higiênico e portas, o que falta em várias universidades federais pelas quais passei.
Do mais, ainda que seja sobre a nata, ser uma pós-graduanda que anda de bicicleta te torna um alvo para ladrões. Os arredores da universidade são perigosos. E a universitária teme mais por perder seu computador com o backup do doutorado do que por ser atropelada (os motoristas são mal educados).
     Sobre os pesquisadores brasileiros do Departamento - embora passem por todas as adversidades financeiras devido às micharias pagas pelas agências de fomento (podia ser tão pior) -  só tenho a dizer que são excelentes profissionais, publicam bem e têm curiosidade genuína de aprender. Não gostam de ciência Frankenstein, mas dão valor às colaborações, pois entenderam que networking é essencial. Muitos pesquisadores estrangeiros passam por aqui e nos vêem como bons modelos de ecólogos.
Sobre o trabalho no campo: Para mim, injetar meu próprio dinheiro no campo foi natural e inquestionável. Eu podia pagar, mesmo abdicando de fazer uma poupança, e paguei muitos campos com dinheiro próprio. Mas também recebi financiamento para tantos outros. No mestrado, o desgaste do veículo que usava (meu carro)  foi extenso, pois a maior parte dos campos (talvez 70-80%) eu fiz com ele, e não com o 4x4 da universidade (por falta de dinheiro, indisponibilidade de técnicos, ou indisponibilidade dos carros). Se me arrependo por ter investido nos meus campos? Se sinto ressentimento por isso? Nenhum. Mas penso no filtro que isso representa. Muitos alunos não fazem campo, pois não tem dinheiro pra investir, ou por se recusarem a pagar pra trabalhar.
    Considero essa limitação de dinheiro como desafio e oportunidade. Aprender a planejar logística com tantos fatores limitantes pode ajudar a gerar doutorandos ninjas em planejamentos, mas também que passaram por muitas frustrações. Para muitos grants negados, temos um aceito e isso é tudo! Um sim e ficamos radiantes de felicidade, pois entendemos o valor da ciência e sabemos que é melhor pingar do que secar. Essa seria a máxima no incentivo à pesquisa no Brasil em Ecologia (talvez?): "É melhor pingar do que secar". E mesmo pingando, publicamos lindamente e sambamos na cara do recalque de qualquer pessoa que nos olhe de cima. O melhor do Brasil são os brasileiros. E o melhor da Ecologia no Brasil é um misto de humildade e ousadia que inspira demais!

    Como tudo isso difere do exterior?

    Não tenho propriedade para dizer, mas já encontrei situações de limitação parecida nos outros lugares do mundo. A desvalorização do pós-graduando talvez seja um denominador comum nas universidades afora. Talvez nos lugares mais frios, os "gringos" tenham mais foco e menos distrações para trabalhar. Talvez a internet deles funcione melhor, e eles tenham mais livros em suas bibliotecas. Mas nós temos Sci-Hub e força de vontade. Mas também temos preguiça e queremos tomar uma cerva gelada. Talvez eles tenham uma base logico-matemática melhor que as outras. Talvez nosso vira-latismo nos faça mais fortes, ou nos faça lembrar de nossas origens. Uma colega minha diz com convicção (e não vi  provas rs, mas acredito nela!) que teve papers rejeitados simplesmente por ter um sobrenome tão português. Sim, acredito que ter gringos no paper pode aumentar a chance do paper ser aceito, mas por N fatores e não apenas por receio ou discriminação de latinos, no caso dos brasileiros (somos latinos!). Mas talvez algo tão tenso seja assunto para outro post. Talvez, como meu sobrenome é belga e eu publico faz tempo, várias revistas se referem a mim em emails como Doutora desde que eu estava no mestrado (quando elas não sabem meu nível acadêmico e quando eu meu nível não está cadastrado no sistema delas). Talvez seja só uma falha de informação das revistas, enfim, nunca entendi isso. 
     Do mais, penso que a discussão maior é como alcançar seu ikigai no Brasil. Se fazer ciência for realmente seu ikigai, como o lugar em que você se encontra pode te ajudar ou atrapalhar nisso? Como conciliar sonhos, estabilidade e bem-estar seguindo essa carreira? Para se aprofundar nisso, sugiro a leitura desse post.
É isso! Como é fazer ciência no Brasil para você? Comente aqui! 
A seguir algumas fotos para exemplificar um pouco:

Em 2017: Nosso laboratório (LEEC) e suas role models incríveis, cheio de cadeiras e computadores. Parece uma lan house. 

Indo a campo em 2013 com meu fiesta 1.0 preto sem ar condicionado no verão. Saudades desse carro.. acabei com ele!

Em 2012: fazer campo pertinho de casa em lugares bonitos dá uma sensação de liberdade e alegria. Aí vemos a Paola segurando um facão na linha do trem. Monique só olha.

Em 2013: Em diversas áreas florestais o acesso é bem mais fácil se existem aceiros e uma 4x4.

Em 2015: Em áreas de Mata Atlântica, muitas vezes por ter várias pirambeiras, só se chega a pé ou de 4x4.





domingo, 12 de novembro de 2017

Como conseguir dinheiro pra pesquisa?

Você quer capturar aves, mas não tem nenhuma rede-de-neblina sobrando no seu laboratório? Você quer comprar um computador pra fazer seu doutorado, mas não tem dinheiro? Você precisa ir a campo, mas pagar do seu bolso é algo temível e você não tem reserva técnica?
Seus problemas podem acabar em breve! Hoje o post é sobre como ganhar dinheiro para sua pesquisa! Eu e mais os colegas Hugo Medeiros, Fernando Puertas e Marcio Araujo compilamos algumas fontes de financiamento, bem como dicas para você que quer pedir auxílio mas não sabe como.
Eu consegui boa parte do meu material de campo para o mestrado da Idea Wild, que cede 1500 dólares em material de campo. Graças ao Idea Wild, consegui 12 redes de neblina de 12 m e 3 lanternas de cabeça boas (Petzl) para minha equipe de campo. O único porém é que, para trazer o material que o Idea Wild te dá até o Brasil, você precisa ter um colega que vai receber esse material nos EUA e enviar pra você. Como no mundo acadêmico vira e mexe alguém vai pros EUA, isso foi bem simples de se fazer no meu caso. Para conseguir o apoio, na época tive que enviar o projeto por correio (impresso) para eles, o que poderia ter sido incômodo caso eu não tivesse alguém nos EUA pra imprimir e enviar por correio por mim (mais barato que enviar um FEDEX do Brasil), mas hoje em dia eles aceitam projetos por email mesmo (grande avanço!). Conheci o Idea Wild através de dois colegas que trabalhavam com morcegos e também tinham conseguido apoio deles anteriormente. Aí senti que teria chance, e arrisquei.
Além disso, durante o mestrado, consegui apoio da Bat Conservation international para participar de um Simpósio sobre morcegos no ATBC de 2012 (ECOSYSTEM FUNCTION, ECOLOGY AND EVOLUTION OF BATS: A TRIBUTE TO ELISABETH KALKO), o que foi muito bem-vindo. Para isso, me comuniquei com os organizadores do simpósio que queria participar e consegui o auxílio. Então é importante frisar que os auxílios não são restritos a idas a campo ou a material de laboratório: eles podem se dar como ajuda para ir a congressos também.
 O Hugo conseguiu apoio pros campos dele com a Rufford Small Grants, que apoiam mais de mil projetos na América Latina! Agora vamos às dicas do Marcio:
 1) Sempre saber bem a "cara" do fundo para o qual esta aplicando e adaptar sua proposta - olhar projetos que ja foram financiados antes é um bom meio pra isso. Algumas instituições disponibilizam os projetos aprovados e updates com andamento de cada um (ex: Cleveland Zoo).
 2) Enfatizar de maneira clara qual o impacto de receber este apoio para o projeto. Usar esquemas/diagramas é um bom meio pra isso. A maioria dos fundos não financiarão todo o projeto, então deve estar claro o que você precisa, o que já tem e o que cada verba irá garantir. Pessoalmente, um abordagem que gostaria de adquirir competência pra fazer seria incluir uma análise de risco para a viabilidade do projeto considerando cada fonte de recurso. Assisti uma palestra do diretor da Ford Foundation e isso foi algo que ele apontou como deficiente em propostas de pesquisas para grandes fundações.
Abaixo segue uma lista de grants para pesquisa relacionada com ecologia/conservação que recebem propostas de tempos em tempos:
Esta lista foi feita por uma empresa (instrumentl.com) que presta serviço revisando propostas e indicando as melhores fontes de financiamento
Terra Viva Grants Directory: http://www.terravivagrants.org/
 International Network of Next Generation Ecologists: http://innge.net/wiki/index.php/Funding_opportunities
 Muitas sociedades científicas também disponibilizam listas de fontes de financiamento. Em congressos internacionais, pode ser possível inclusive trocar horas te trabalho por desconto em inscrições, permitindo a participação de quem não tem dinheiro para bancar a viagem.
 Para quem trabalha com espécies ameaçadas, tente: https://ptes.org/grants/apply-grant/worldwide-grant-criteria/
 Para quem pensa em fazer visitas científicas no exterior ou cursos, vale a pena entrar em contato com os departamentos de intercâmbios, estudantes estrangeiros ou escritórios de relações internacionais das instituições. Eles costumam, pelo menos, indicar onde procurar recursos. Exemplos: 

Bom pessoal, é isso, esperamos ter ajudado! Se você tiver mais alguma dica sobre como conseguir dinheiro, comenta aqui!
Pegando uns Solanums em 2011 pra dar de comer pros morceguinhos...Valeu CNPQ e FAPESP!






segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Levei Major, e agora?



Oi pessoal, tudo bom? Esse post contém recomendações para quem precisa corrigir um manuscrito para o qual foi sugerido Major Review, ou o atual “Não podemos aceitar seu manuscrito do jeito que ele está, mas podemos reconsiderar talvez uma versão revisada que acate tudo o que foi sugerido pela revisão”:
  • Antes de começar a mexer no manuscrito revisado, leia uma vez o review e vá fazer outras coisas. Deixe passar pelo menos um dia e leia novamente. Você estará menos afobado e indignado e sentirá que o que eles pediram na verdade faz sentido e que não é tão impossível/chato de se fazer. Caso seja de fato, pense que “o que não tem remédio, remediado está”.
  • Não se abale com a sensação brochante de ler as críticas e um reject. Como diria meu antigo orientador, “para 749 nãos que eu recebo vem um sim”! Para quem é pós-graduando, lembre-se que você é ALUNO, e levar reject faz parte do caminho do aluno. Quase ninguém sai do mestrado publicando de primeira.
  • Responda ponto a ponto por ordem para não se perder.
  • Seu inglês é ruim? Escreva a carta resposta em português. Às vezes pode ser fácil argumentar na sua língua nativa, pelo menos nas primeiras vezes.
  • Não tenha medo de argumentar com os revisores, mas justifique bem suas argumentações. Na maior parte das vezes os revisores nos testam para tirar o máximo de informação sobre como conduzimos os trabalhos. Isso é um teste de qualidade para averiguar o rigor do trabalho.
  • Não fique tentando adivinhar quem é o revisor. Ouço pessoas que levam reviews cheios de críticas às vezes até com discurso de ódio ao revisor (revisor **zão!). Isso não é legal e faz você achar que o revisor tem um problema pessoal contigo, tirando o foco do que importa, que é seu trabalho. Pode ser melhor encarar as críticas do revisor como construtivas, ainda que muito duras. Achar que você é vítima da revisão é improdutivo e pode alimentar uma postura de mimimi que não é favorável no meio profissional.
  • Nunca menospreze as referências bibliográficas. Eu sei, pode ser chato pra caramba fazer ou conferir referências na mão. Eu particularmente odeio. Mas confira muito bem. Confira mesmo se você usar Mendeley. Confira elas mesmo quando estiver na fase de proof. Confira!
  • Por fim, após terminar a revisão, você enviará o manuscrito revisado para seus pares. Aí eles vão mexer (talvez) na sua revisão contribuindo para fechar logo essa fase. Aí você receberá as versões deles e aceitará ou não as alterações. Depois você lerá de novo o manuscrito e, cansado, perceberá que acha que está bom para ser re-submetido. Seu dedo coçará para entrar no site da revista e re-submeter. NÃO FAÇA ISSO se você estiver pensando consigo mesmo no momento “Não aguento mais olhar para esse manuscrito”. Caso você pense assim, salve, deixe o manuscrito guardadinho no seu computador e backup e vá fazer outra coisa. Deixe ele pelo menos 24h de molho. Depois que você estiver com sua paciência restaurada, abra, leia a revisão novamente, altere algum possível erro que passou despercebido (pois você não aguentava mais olhar para aquele negócio) e, aí sim, re-submeta!!!



E você? 

Tem alguma dica que deixa a revisão de um major mais suave?

Comenta aqui!


terça-feira, 10 de outubro de 2017

Percepções de um doutorado na metade do doutorado




Oi pessoal,

Estou sumida do blog, eu sei, mas como todos sabem, quando você começa o doutorado é como se você entrasse numa caverna.. e quando sai, sai com aquele aspecto de ser albino se arrastando, quase um troglóbio, só que tedioso... rsrs! Brincadeira..


Venho aqui jogar minha impressão sobre esse tal de doutorado em Ecologia e Biodiversidade, estando na metade dele.
Quando eu me matriculei, me matriculei toda feliz. Eu tinha sobrevivido ao limbo. Eu ia ser ecóloga! Eu ia ter bolsa! Eu tinha chances de ter bolsa FAPESP loguinho, era só escrever o projeto! Eu ia mudar de área de pesquisa, uhu! Eu ia ser multidisciplinar e holística, e ajudar as pessoas a prever áreas que terão hantavirose..
Só que aí de pouco em pouco vieram os "choques de realidade":
-O que quer dizer ser Doutora Ecóloga, se você não tem perspectiva de emprego? Acho que quer dizer ser pós doc por pelo menos seis anos!
-Eu entrei no doutorado sem bolsa.. Me matriculei dia 13 de Março de 2015 e só fui receber alguma coisa da CAPES em Outubro de 2015! Isso foi bem brochante! De verdade, eu passei em primeiro lugar na prova e o que eu ganhei (além de PARABÉNS de um professor do programa), foi NADA. Ou seja, se você quer fazer doutorado, lembre-se, você não é especial*, nem se você passou primeiro lugar.. quem dirá nos lugares subsequentes! Coisas desse tipo te ajudam a entrar numa crise da vida adulta de cara. Não é mimimi, é sentir-se o que se é.
-Eu não tive chance de ter FAPESP loguinho. Minha FAPESP só chegou na conta em Julho de 2016! A morosidade da revisão do projeto é outra coisa bem brochante. Isso quer dizer que o projeto tem que ser parido antes de se iniciar a matrícula no doutorado (ciência preventiva da crise!) para que você seja fomentado de acordo durante todo o processo (ou boa parte dele). Nessas horas eu penso que se eu tivesse filho pra cuidar, ou o leitinho dele, ou a minha carreira acadêmica estariam comprometidos! Ainda bem que nessa época eu tive ajuda da minha vózinha que se foi (te amo vó!) e dos meus pais. Sem isso, sem chance. 
-Eu ia mudar de área de pesquisa, ser holística e útil: Acho que isso foi a única coisa que manteve a "chama" acesa no doutorado. Ou seja, eu mesma e minha vontade de aprender. Me senti muito desafiada a conduzir o projeto que eu construí junto com meus colaboradores. Enfatizo que mudar de área de pesquisa exige muitíssimo do aluno.
Dificuldades a parte, teve também a parte super boa: EU TINHA TEMPO! Nestes dois anos de doutorado, eu fiz uma PORRADA de coisas legais. Quando eu olho para trás eu fico muito feliz, pois evoluí demais pessoal e academicamente. Deu tempo de iniciar e terminar um monte de trabalhos paralelos, conhecer gente de todo o lugar (desde Finlândia até Nova Zelândia) e pensar junto com grandes pesquisadores que eu admiro.
A única coisa que eu diria pra Renata do passado– e para vocês leitores aspirantes a um doutorado– é pra não ter expectativas de bolsa e de acolhida no PPG (Programa de pós graduação). Do resto, eu diria "Você está no caminho certo".
O tempo passou, e aí eu cheguei na metade do curso... e vi que eu tinha começado todos os capítulos do doutorado, mas todos eles ainda eram amorfos. Então agora eu desci com os projetos paralelos para um nível de dedicação basal e estou de fato fazendo meu doutorado. Com isso estou sendo forçada a aprender a dizer não, e eu sou péssima em dizer não! 
Em relação a ganho de tempo, preciso ressaltar que seguir o conselho do meu orientador e também meus guts de não incluir atividades de campo no meu doutorado foi o que me permitiu avançar na multidisciplinaridade do meu projeto, sistemas de informação geográfica, estatística, projetos paralelos e atividades DE ENSINO! Atividades de Ensino me alegraram muito durante o doutorado. Micharias ganhadas pela bolsa didática a parte, o fato das bolsas “tapa buraco” existirem e estarem super frequentes na UNESP me permitiu ser DOCENTE de alunos da Biologia, os quais eu adorei! Isso me permitiu ter certeza de que amo ser professora e acho que até sou boa nisso. Desejo muita força pros bolsistas didáticos, e que eles sejam mais valorizados, tanto no quesito financeiro quando no quesito status social.  
Por fim, espero que lendo isso, você que quer fazer um doutorado em Ecologia ou áreas relacionadas, esteja previnido e consciente da falta de bolsas nos PPGs. Lembre-se dos seus sonhos e pondere se fazer doutorado vai te ajudar a conquista-los.
Boa caminhada para você!
Você quer compartilhar suas percepções também? Comenta aqui embaixo :D


*Essa parte pareceu cruel, mas o mundo do trabalho é por aí mesmo. É importante lembrar que na vida acadêmica, o retorno é principalmente em forma de prestígios (incluindo chocolate). Parafraseando o Pantaneiro, que gentilmente revisou este post, nós pós-graduandos somos especiais sim, fazendo parte de uma parcela muito pequena da população que se dedica à Ciência e ao conhecimento. Mas ninguém (ou raramente alguém) vai te dizer isso na universidade, portanto a autoconfiança tem que estar sempre em dia. Apesar de ninguém dizer que você é ótimo nesse meio com tanta frequência, suas conquistas falarão por você. Seus feitos te precederão. O fato de seus alunos aprenderem ou irem com vontade de aprender na sua aula, seus cursos nos congressos serem sucesso e seus artigos serem citados é uma forma de reconhecimento louvável. E por fim, o fato de não ter bolsa para todo mundo é uma falha no sistema, não do aluno. Mas como melhorar isso é assunto para outro post..


segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A verdade (cômica) sobre respostas de editores

Caro aluninho de doutorado/Cara pequena gafanhota,

Obrigada por submeter precipitadamente seu manuscrito para nossa excelente revista. Você tornou tudo tão mais fácil pra mim.. Após ler o seu título e abstract por cima, rapidamente, pelo meu iphone mesmo, eu consultei um dos outros editores da revista (na verdade tomei um café com ele e perguntei se ele tinha visto o título), fizemos uma cara de nojinho conjunta e resolvi te dar Reject. Você está começando, precisa comer mais arroz com feijão, ou precisa de um autor que seja aceito no nosso seleto grupo de editores. Aliás, nem da nossa sociedade você faz parte! Mas no geral, acho que esse seu manuscrito não está muito “a cara” da nossa revista. Então nem adianta submeter de novo, ou ficar de mimimi, certo?
A gente recebe uma porrada de manuscritos aqui.. metade vai pra revisão e nem 30% são publicados.. mas também, nem todos são hot, o seu é um exemplo disso. A gente tem vários critérios para avaliar os papers, mas no geral é só passar os olhos pelo título e pela razão que você nos deu pra publicar.. no máximo as figuras eu vejo, e olhe lá. Aliás, aquela sua figura 2 está muito legal hein, vou usar esse layout no meu próximo paper! (E com certeza ele sairá antes do seu muahahaha..)
Enfim, boa sorte aí.. espero que após você defender consiga logo outra bolsa. Mas se me perguntarem sobre você, nem te conheço!

Mais pra frente, aliás, beemmm mais pra frente, tenta submeter aqui com a gente novamente. Quem sabe eu recomendo pra revisão? Não fica triste não, reject é de praxe ;)

Sinceramente, valew, falows!

Editor chefe


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Recomendação de disciplinas cursadas no doutorado 2015-2016 

Olá pessoal! Parabéns a todos os mestrandos defenderam seus mestrados! Parabéns para você que conseguiu:
*finalizar o mestrado sem ter submetido ou publicado os papers do mestrado
* finalizar o mestrado tendo submetido ou publicado os papers do mestrado
*respirar fundo e tratar bem as secretárias da pós e das finanças, lembrando que elas não têm culpa da burocracia, é o sistema! (superei essa fase faz tempo!)
*conciliar de modo minimamente aceitável sua vida acadêmica com família e encontros com namorado, velhos amigos de faculdade e infância..
*sublimar o fato de seu orientador ser muito ocupado.

Sabemos que não é fácil, se fosse fácil qualquer um fazia pós-graduação!
Agora, depois de ter finalizado o mestrado e entrado no doutorado, ressalto e comento algumas disciplinas que cursei no doutorado:

1- Genética da Paisagem – Dra. Marina Correa Cortes (4 créditos): a professora Marina é ótima, super atenciosa. Na disciplina são mostrados vários métodos de análise bastante atuais para genética da paisagem. A monitora, Carol, é super legal e nos ajudou muito também.
Eu nunca fiz nenhuma disciplina de genética molecular e consegui acompanhar numa boa. Entender o básico de R ajuda, e a disciplina é uma mão na roda para quem já extraiu seus dados genéticos, já calculou índices de paisagem. Ou seja, quem já tem a tabela de dados pronta, pode sair com um artigo terminado, pois as análises são todas muito bem destrinchadas no R. Pra quem já trabalha com genética, mas não entende tanto de paisagem, se abre um leque de oportunidades de investigação com as ferramentas e ideias mostradas.
2- Desenho experimental e análise de dados multivariados – Dr. Tadeu de Siqueira Barros (4 créditos): Disciplina fantástica para ter uma base em multivariada. Aí foi que eu realmente entendi estatísticas por distâncias e as diferentes análises de ordenação e agrupamento. O professor é excelente e as dicussões e literatura compartilhada tem ajudado muito na minha formação. De manhã tem aulas teóricas e a tarde exercícios no R.
3- Curso de campo do ECMVS/UFMG: O curso acontece no Parque Estadual do Rio Doce, uma paisagem lindíssima em uma das últimas grandes manchas de Mata Atlântica em MG. Alojamento privilegiado e comida mineira. Professores bons que focam na parte de treinamento da realidade de ser cientista. Não é um curso de mateiro, é um curso de campo em Ecologia. Nele o aluno aprimora habilidades de história natural, observação, coleta e organização de dados, estatística, apresentação e escrita científica. Muito bom.

Agora disciplinas que não fiz, mas recomendo porque se fala muito bem aqui:
Ecologia do Movimento - Drs. Karl Stephan Mokross e Milton Cezar Ribeiro (4créditos) 
Aplicação de Estudos de Comportamento Animal na Conservação - Dr. Karl Stephan Mokross (4 créditos)

É isso. E você? Gostaria de recomendar alguma disciplina?
Até breve!


Divulgação Científica é preciso

Oi pessoal, Como está essa correria?  Esses dias saiu um post muito bom sobre como e por que escrever um press release no  Sobr...