Mais um da série mundial Slow movements, para nos ajudar a
encontrar um “caminho do meio”.
O conhecimento aumenta exponencialmente na pós-graduação, se
assim você desejar, mas...
A) A pressa é com certeza a inimiga da
perfeição!
B) E você colhe aquilo que você planta.
A) A
galera da genética está acostumada à velocidade incrível com a qual papers e
mais papers vão sendo publicados. A ecologia, embora mais lentamente, também
está avançando nesse sentido.. para ficar desatualizado “é dois palito”!
A matéria da Carta Capital traduz
exatamente as implicações desse ritmo fast
science o confrontando com uma outra proposta:
“Os cientistas signatários da slow science entendem que o mundo da ciência sofre
de uma doença grave, vítima da ideologia da competição selvagem e da
produtividade a todo preço. A praga cruza os campos científicos e as fronteiras
nacionais. O resultado é o distanciamento crescente dos valores fundamentais da
ciência: o rigor, a honestidade, a humildade diante do conhecimento, a busca
paciente da verdade.”
Eu sinceramente penso que a slow science é o caminho para mim e para qualquer cientista
iniciante. As coisas que eu fiz com pressa na vida acadêmica saíram
ruins, sem comparação com os projetos nos quais dediquei tempo e calma para
lapidá-los.
Pode ser tentador terminar um trabalho rápido, mas isso pode
por em jogo sua qualidade e veracidade, o que torna a fast “science” um método perigoso!
Uma coisa MUITO importante:
Algumas pessoas me procuram para desenvolver projetos curtos,
sem muito comprometimento, para ver qual é que é, então..
Primeiro ponto: se for pra me ajudar em campo ou ajudar
qualquer colega para ver se curte o esquema ecologia de campo e ECOLOGIA, OK,
perfeito! Mas...
Ponto principal: a palavra “projeto” + a palavra “curto” não
combinam com IC, TCC, MSC e muito menos PHD!
Se me propuserem “faça um projeto comigo” eu não vou aceitar
menos que ciência. E isso deve ficar
muito claro entre aluno e orientador, ou colegas de laboratório. Ciência exige
dedicação e ninguém quer perder tempo com um aluno que não sabe o que quer e
que quer fazer um projeto sem comprometimento. Ciência e comprometimento andam
de mãos dadas!
Por sorte a maioria do pessoal da graduação que tenho encontrado é
muito responsável e sincero em relação às suas angústias e vontades.
Para quem quer aprender a fazer ciência, lembre-se dessas
palavras: humildade, estudo, estudo e
estudo! Expertise vem com experiência! Experiência vem com o tempo!
E muito cuidado ao pedir ajuda sem ter lido NADA ou muito pouco sobre um assunto que te interessa, pois antes de pedir apoio o mínimo que se deve fazer é estudar para não correr o risco de propor a invenção da roda.
Para quem se interessar a ir mais a fundo nessa causa,
acesse o manifesto de 2010 dos cientistas sobre slow science .
B) Para os apressadinhos e para os nem tão
apressadinhos, porém workaholics (eu eu!):
Um trabalho recente (Docentes de pós-graduação: grupo de risco de doenças cardiovasculares, clique aqui) apontou alto risco para professores bolsistas
produtividade do CNPq em relação a outros professores rsrs..
E isso é exatamente o que eu
tenho visto.. professores excelentes, workaholics e relativamente jovens enfartando
e surtando por aí!
A rotina acadêmica não tende a
afrouxar ao longo do tempo.. ainda mais para os apaixonados por ciência.. Além
disso, o professor universitário se torna um burocrata-cientista no momento em
que é contratado e começa a dar aulas e mais aulas.
Qualidade de vida é essencial, e
não é a primeira vez que eu falo disso aqui no blog!
Um infarto pode ser o
preço que se paga pela fast “science”!
Parabéns, excelente post. Infelizmente, vários colegas meus têm entrado em pane ultimamente. Ainda acho que a chave do sucesso de longo prazo, aquele é duradouro e recompensador, é trabalho duro combinado com vida pessoal. Não vale a pena chegar rápido demais ao topo e encurtar sua vida em 30, 40 anos. A vida é feita de várias coisas maneiras, como video game e pinga, e o trabalho é apenas uma delas. ;-)
ResponderExcluirSó completando e puxando um gancho meio lateral no seu post, a falta de humildade é realmente um terrível veneno para um cientista. Já vi muitos neófitos promissores naufragarem miseravelmente, por que em algum momento passaram a achar que não precisam mais aprender nada...
ResponderExcluirObrigada Marco! Pois é! E esse assunto (humildade) foi muito bem contemplado no seu post de ontem, parabéns =D
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