Oi Pessoal, depois de mais de um mês de volta ao
Brasil, volto a escrever no Blog para começar bem o ano.
Aqui vou colocar dicas valiosas (pelo menos para mim foram) e
um repasse para quem gostaria de ir para o exterior por uns meses durante a
pós-graduação, ou mesmo durante a IC.
Eu realizei um estágio BEPE-FAPESP (Bolsa de estágio de
Pesquisa no Exterior). Minha experiência no exterior durou três meses, mas a
preparação, desde aquela ideia plantada pelo meu orientador lá no ano passado
até o pós-BEPE, durou quase um ano. Passei esses três meses em duas
universidades, na Louisiana State University (LSU) e na Texas Tech (TTU).
Antes de começar: Nesse
texto eu me refiro somente às experiência/pessoas/modo de funcionamento que vivi
nos EUA. Gostaria muito de saber as experiências dos leitores também,
compartilhem conosco!!!
O primeiro passo: Por
que você quer ir para o exterior?
Já ouvi muita gente dizer “ah, vai ser uma experiência
positiva com certeza”. Ainda que você não produza muito, ou não arranje muitas
parcerias no laboratório escolhido, você sempre terá um monte de coisas novas a
descobrir no país. É verdade! Mas é sempre bom ir focado, ter um bom motivo para
ir fazer pesquisa naquele lugar e com aquele orientador estrangeiro. No caso do
BEPE, a FAPESP costuma ser bem criteriosa, embora estimule muito a ida do aluno
ao exterior.
Então o primeiro passo é saber onde quer ir e quem está lá
para te receber. O contato com o orientador estrageiro deve ser muiiito antecipado,
muiiito antes da data da viagem. Isso porque os professores de lá são pessoas ocupadas
(os daqui também hehe), e organizam suas agendas com meses e até anos de antecedência
de um determinado evento.
A memória deles costuma ser boa, e a resposta costumar ser
pronta! Os americanos costumam ser muito diretos, então não se ofenda caso ele
te diga que não pode te receber. É para o seu bem!
É claro que essa antecedência de contato nem sempre é
possível, muitas vezes você só conhece o “cara” pelos papers que ele produziu e
a ideia e amadurecimento para iniciar o processo de realização do sonho de
fazer uma parte da sua pós no exterior chega num prazo apertado. Comigo não foi
diferente! Mas o ideal nesse caso é fazer o que eu digo e não o que eu fiz: Entrei
com pedido de visto com um mês antes da viagem, bem como submeti o projeto BEPE
um mês antes da data pedida de início de vigência (LOUCURA!). Mas a FAPESP
aprovou meu projeto de cara, porém numa data atrasada, então tive que pedir
alteração de vigência.
O meu caso foi uma exceção para a FAPESP, nunca tinha
acontecido isso antes, mas saibam que é possível alterar a vigência do BEPE
mesmo estando com o prazo em cima (pelas normas deles de sair do país a pelo
menos 4 meses antes do término da bolsa)!!
O orientador
estrangeiro
É sempre legal saber que tipo de recepção seu orientador
tende a dar a alunos estrangeiros. Tenho amigos que foram ao exterior por um
tempo e só viram o orientador em dois momentos: No dia em que chegaram e poucos
dias antes de ir embora. Num mundo ideal, todos os planos sairiam do papel e
seriam realizados no projeto junto ou sob a supervisão do seu orientador
estrageiro, mas nem sempre é assim.
No meu caso, como eu sou uma latina sentimental, procurei
saber com um pesquisador de extrema confiança minha se o meu orientador
pretendido era um cara “gente boa” e acolhedor. Deu certo! O cara era muito
gente boa e um excelente orientador. Além de tudo ele me recebeu literalmente
de braços abertos, já que é casado com uma Paraguaia e conhece nossa cultura
latina, cheia de abraços!
Burocracia
As menores linhas podem ser as mais importantes nas regras
para se ir ao exterior. No meu caso, eu fui para os EUA. Dei prioridade máxima
a entender e seguir as burocracias de entrada no país, mas deixei de lado as
burocracias da universidade (erro!). Então leia sempre tudo, várias vezes, e
sempre leia os rodapés. É chato, mas é essencial para te acalmar, tomar as
rédeas do processo e conseguir o que deseja, seja visto ou SEVIS (autorização
para estudantes).
O maior pepino que eu enfrentei com isso me custou 250
dólares. Eu fiz um seguro no brasil (INTERCARE), porém a universidade (LSU) só
aceitava seguros que tivessem um representante físico não-terceirizado nos EUA,
e isso a INTERCARE não tem. Assim sendo, tive que adquirir o seguro saúde da
LSU, o que me custou essa grana a mais. Essa informação estava escrita em um
rodapé..
A dica maior
Não hesite, vá! RECOMENDO MUITO que todo cientista entre em
contato com a ciência feita no primeiro mundo. Aí vai uma frase retirada do
filme “Aposta Máxima”: “Cuidado com essa vozinha dentro da sua cabeça te
dizendo para não fazer isso. Essa vozinha não é sua consciência, é MEDO...”. No
filme, a frase foi usada num contexto diferente, mas o efeito é muito bom. Eu
fiquei com muito receio de ir, quase desisti. E o que me prendia não era razão
ou consciência, era MEDO. Medo de sentir saudade, medo de estar num lugar
estranho, medo de avião, MEDO. Então, não tenha MEDO!!! Ou supere o MEDO! Obrigada
amigos (principalmente Mi, Julia, Marco e Miltinho!) por me estimularem a
ir!!!!!
“Se vire” e dicas
mais pessoais
Tenha um diário: Eu sou uma pessoa extrovertida, porém
momentos de solidão ou de “homesick” acontecem, principalmente quando está
extremamente frio e não se tem nada pra fazer. Fiz um diário e comecei a contar
os dias a partir do dia 1. Meu diário tem 90 dias e toda essa informação
escrita, além de me ajudar muito a refletir sobre minhas vivências e aliviar a
saudade, serão úteis, pois contem dicas de lugares legais que eu fui, pessoas
que conheci, piadas internas, comidas gostosas... alguns bons detalhes que com
certeza eu esquecerei com o tempo. Obrigada Julia por me convencer a levar um
diário!
Trabalhe duro, mas ouça o sua voz interior! Vai ter um
momento no estágio em que você simplesmente ficará atolado em um ponto e não
conseguirá prosseguir. Nessas horas, ouça sua voz interior, sua cabeça cansada,
seu eu fisiológico e aproveite!!! Muitas vezes nosso cérebro precisa de um
tempo para absorver informações e avançar no trabalho, ainda mais trabalhos
como o do cientista, que muito provavelmente terão forte viés intelectual num
estágio no exterior.
Respeite o silêncio dos gringos: Muitas vezes vai acontecer
numa conversa com uma pessoa nova, o assunto vai acabar. Se você não tiver nada
de bom pra dizer mais, não diga.. o silêncio não precisa ser “akward”..
Faça dois backups! SEMPRE..
Não tenha vergonha de desabafar com seu orientador. É uma
via de duas mãos! Mostre o que sabe, o que não sabe, e o que gostaria de
aprender (humildade na ciência). Você é um aluno!!! E aluno não é professor,
aluno é aluno! Aproveite cada minuto com
seu orientador, mas sem puxa saquismo! Adorei conviver com o meu orientador
no exterior, me considero uma aluna de sorte! De verdade, ele é um exemplo que
levarei para a vida inteira! Tanto como pessoa, quanto como cientista!
Bom, quem quiser
especificamente dicas sobre as universidades que eu fiquei, é só me perguntar.
Já digo de antemão que elas são EXCELENTES! E é claro, para quem quer trabalhar
com morcegos nos EUA, Texas Tech é a pedida!!!
Esse post será aperfeiçoado com o tempo, conforme eu for me lembrando
de mais dicas, mas o “grosso” ta aí! Compartilhem suas experiências também!
Obrigada a todo o pessoal que conheci no exterior, só gente boa!!! Desde os americanos até a colônia brasileira em Lubbock!
Esse é o Read Reader, feito em bronze. É um homem-livro, feito por Terry Allen, e fica na Texas Tech.. A leitura pode ajudar na construção de pessoas melhores =D