terça-feira, 11 de março de 2014

Repasse do Estágio no exterior (BEPE-FAPESP-EUA)


Oi Pessoal, depois de mais de um mês de volta ao Brasil, volto a escrever no Blog para começar bem o ano.
Aqui vou colocar dicas valiosas (pelo menos para mim foram) e um repasse para quem gostaria de ir para o exterior por uns meses durante a pós-graduação, ou mesmo durante a IC.
Eu realizei um estágio BEPE-FAPESP (Bolsa de estágio de Pesquisa no Exterior). Minha experiência no exterior durou três meses, mas a preparação, desde aquela ideia plantada pelo meu orientador lá no ano passado até o pós-BEPE, durou quase um ano. Passei esses três meses em duas universidades, na Louisiana State University (LSU) e na Texas Tech (TTU).
Antes de começar: Nesse texto eu me refiro somente às experiência/pessoas/modo de funcionamento que vivi nos EUA. Gostaria muito de saber as experiências dos leitores também, compartilhem conosco!!!

O primeiro passo: Por que você quer ir para o exterior?

Já ouvi muita gente dizer “ah, vai ser uma experiência positiva com certeza”. Ainda que você não produza muito, ou não arranje muitas parcerias no laboratório escolhido, você sempre terá um monte de coisas novas a descobrir no país. É verdade! Mas é sempre bom ir focado, ter um bom motivo para ir fazer pesquisa naquele lugar e com aquele orientador estrangeiro. No caso do BEPE, a FAPESP costuma ser bem criteriosa, embora estimule muito a ida do aluno ao exterior.
Então o primeiro passo é saber onde quer ir e quem está lá para te receber. O contato com o orientador estrageiro deve ser muiiito antecipado, muiiito antes da data da viagem. Isso porque os professores de lá são pessoas ocupadas (os daqui também hehe), e organizam suas agendas com meses e até anos de antecedência de um determinado evento.
A memória deles costuma ser boa, e a resposta costumar ser pronta! Os americanos costumam ser muito diretos, então não se ofenda caso ele te diga que não pode te receber. É para o seu bem!
É claro que essa antecedência de contato nem sempre é possível, muitas vezes você só conhece o “cara” pelos papers que ele produziu e a ideia e amadurecimento para iniciar o processo de realização do sonho de fazer uma parte da sua pós no exterior chega num prazo apertado. Comigo não foi diferente! Mas o ideal nesse caso é fazer o que eu digo e não o que eu fiz: Entrei com pedido de visto com um mês antes da viagem, bem como submeti o projeto BEPE um mês antes da data pedida de início de vigência (LOUCURA!). Mas a FAPESP aprovou meu projeto de cara, porém numa data atrasada, então tive que pedir alteração de vigência.
O meu caso foi uma exceção para a FAPESP, nunca tinha acontecido isso antes, mas saibam que é possível alterar a vigência do BEPE mesmo estando com o prazo em cima (pelas normas deles de sair do país a pelo menos 4 meses antes do término da bolsa)!!

O orientador estrangeiro
É sempre legal saber que tipo de recepção seu orientador tende a dar a alunos estrangeiros. Tenho amigos que foram ao exterior por um tempo e só viram o orientador em dois momentos: No dia em que chegaram e poucos dias antes de ir embora. Num mundo ideal, todos os planos sairiam do papel e seriam realizados no projeto junto ou sob a supervisão do seu orientador estrageiro, mas nem sempre é assim.
No meu caso, como eu sou uma latina sentimental, procurei saber com um pesquisador de extrema confiança minha se o meu orientador pretendido era um cara “gente boa” e acolhedor. Deu certo! O cara era muito gente boa e um excelente orientador. Além de tudo ele me recebeu literalmente de braços abertos, já que é casado com uma Paraguaia e conhece nossa cultura latina, cheia de abraços!

Burocracia
As menores linhas podem ser as mais importantes nas regras para se ir ao exterior. No meu caso, eu fui para os EUA. Dei prioridade máxima a entender e seguir as burocracias de entrada no país, mas deixei de lado as burocracias da universidade (erro!). Então leia sempre tudo, várias vezes, e sempre leia os rodapés. É chato, mas é essencial para te acalmar, tomar as rédeas do processo e conseguir o que deseja, seja visto ou SEVIS (autorização para estudantes).
O maior pepino que eu enfrentei com isso me custou 250 dólares. Eu fiz um seguro no brasil (INTERCARE), porém a universidade (LSU) só aceitava seguros que tivessem um representante físico não-terceirizado nos EUA, e isso a INTERCARE não tem. Assim sendo, tive que adquirir o seguro saúde da LSU, o que me custou essa grana a mais. Essa informação estava escrita em um rodapé..

A dica maior
Não hesite, vá! RECOMENDO MUITO que todo cientista entre em contato com a ciência feita no primeiro mundo. Aí vai uma frase retirada do filme “Aposta Máxima”: “Cuidado com essa vozinha dentro da sua cabeça te dizendo para não fazer isso. Essa vozinha não é sua consciência, é MEDO...”. No filme, a frase foi usada num contexto diferente, mas o efeito é muito bom. Eu fiquei com muito receio de ir, quase desisti. E o que me prendia não era razão ou consciência, era MEDO. Medo de sentir saudade, medo de estar num lugar estranho, medo de avião, MEDO. Então, não tenha MEDO!!! Ou supere o MEDO! Obrigada amigos (principalmente Mi, Julia, Marco e Miltinho!) por me estimularem a ir!!!!!

“Se vire” e dicas mais pessoais
Tenha um diário: Eu sou uma pessoa extrovertida, porém momentos de solidão ou de “homesick” acontecem, principalmente quando está extremamente frio e não se tem nada pra fazer. Fiz um diário e comecei a contar os dias a partir do dia 1. Meu diário tem 90 dias e toda essa informação escrita, além de me ajudar muito a refletir sobre minhas vivências e aliviar a saudade, serão úteis, pois contem dicas de lugares legais que eu fui, pessoas que conheci, piadas internas, comidas gostosas... alguns bons detalhes que com certeza eu esquecerei com o tempo. Obrigada Julia por me convencer a levar um diário!
Trabalhe duro, mas ouça o sua voz interior! Vai ter um momento no estágio em que você simplesmente ficará atolado em um ponto e não conseguirá prosseguir. Nessas horas, ouça sua voz interior, sua cabeça cansada, seu eu fisiológico e aproveite!!! Muitas vezes nosso cérebro precisa de um tempo para absorver informações e avançar no trabalho, ainda mais trabalhos como o do cientista, que muito provavelmente terão forte viés intelectual num estágio no exterior.
Respeite o silêncio dos gringos: Muitas vezes vai acontecer numa conversa com uma pessoa nova, o assunto vai acabar. Se você não tiver nada de bom pra dizer mais, não diga.. o silêncio não precisa ser “akward”..
Faça dois backups! SEMPRE..
Não tenha vergonha de desabafar com seu orientador. É uma via de duas mãos! Mostre o que sabe, o que não sabe, e o que gostaria de aprender (humildade na ciência). Você é um aluno!!! E aluno não é professor, aluno é aluno! Aproveite cada minuto com seu orientador, mas sem puxa saquismo! Adorei conviver com o meu orientador no exterior, me considero uma aluna de sorte! De verdade, ele é um exemplo que levarei para a vida inteira! Tanto como pessoa, quanto como cientista!
Bom, quem quiser especificamente dicas sobre as universidades que eu fiquei, é só me perguntar. Já digo de antemão que elas são EXCELENTES! E é claro, para quem quer trabalhar com morcegos nos EUA, Texas Tech é a pedida!!!

Esse post será aperfeiçoado com o tempo, conforme eu for me lembrando de mais dicas, mas o “grosso” ta aí! Compartilhem suas experiências também!

Obrigada a todo o pessoal que conheci no exterior, só gente boa!!! Desde os americanos até a colônia brasileira em Lubbock!




Esse é o Read Reader, feito em bronze. É um homem-livro, feito por Terry Allen, e fica na Texas Tech.. A leitura pode ajudar na construção de pessoas melhores =D



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