Blog relacionado à vida de pós-graduando, angústias científicas, crônicas e ossos do ofício de ser Bióloga e pesquisadora.
Eu sou uma bióloga formada pela Universidade Federal de São Carlos, e doutoranda em Ecologia e Biodiversidade pela Unesp Rio Claro.
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
Recomendação de disciplinas cursadas no doutorado 2015-2016
Olá pessoal! Parabéns a todos os mestrandos defenderam seus mestrados! Parabéns para você que conseguiu:
*finalizar o mestrado sem ter submetido ou publicado os papers do mestrado
* finalizar o mestrado tendo submetido ou publicado os papers do mestrado
*respirar fundo e tratar bem as secretárias da pós e das finanças, lembrando que elas não têm culpa da burocracia, é o sistema! (superei essa fase faz tempo!)
*conciliar de modo minimamente aceitável sua vida acadêmica com família e encontros com namorado, velhos amigos de faculdade e infância..
*sublimar o fato de seu orientador ser muito ocupado.
Sabemos que não é fácil, se fosse fácil qualquer um fazia pós-graduação!
Agora, depois de ter finalizado o mestrado e entrado no doutorado, ressalto e comento algumas disciplinas que cursei no doutorado:
1-Genética da Paisagem – Dra. Marina Correa Cortes (4 créditos): a professora Marina é ótima, super atenciosa. Na disciplina são mostrados vários métodos de análise bastante atuais para genética da paisagem. A monitora, Carol, é super legal e nos ajudou muito também.
Eu nunca fiz nenhuma disciplina de genética molecular e consegui acompanhar numa boa. Entender o básico de R ajuda, e a disciplina é uma mão na roda para quem já extraiu seus dados genéticos, já calculou índices de paisagem. Ou seja, quem já tem a tabela de dados pronta, pode sair com um artigo terminado, pois as análises são todas muito bem destrinchadas no R. Pra quem já trabalha com genética, mas não entende tanto de paisagem, se abre um leque de oportunidades de investigação com as ferramentas e ideias mostradas.
2-Desenho experimental e análise de dados multivariados – Dr. Tadeu de Siqueira Barros (4 créditos): Disciplina fantástica para ter uma base em multivariada. Aí foi que eu realmente entendi estatísticas por distâncias e as diferentes análises de ordenação e agrupamento. O professor é excelente e as dicussões e literatura compartilhada tem ajudado muito na minha formação. De manhã tem aulas teóricas e a tarde exercícios no R.
3-Curso de campo do ECMVS/UFMG: O curso acontece no Parque Estadual do Rio Doce, uma paisagem lindíssima em uma das últimas grandes manchas de Mata Atlântica em MG. Alojamento privilegiado e comida mineira. Professores bons que focam na parte de treinamento da realidade de ser cientista. Não é um curso de mateiro, é um curso de campo em Ecologia. Nele o aluno aprimora habilidades de história natural, observação, coleta e organização de dados, estatística, apresentação e escrita científica. Muito bom.
Agora disciplinas que não fiz, mas recomendo porque se fala muito bem aqui:
Ecologia do Movimento - Drs. Karl Stephan Mokross e Milton Cezar Ribeiro (4créditos)
Depois de alguns meses de
estiagem, eu volto a desembocar os posts que estavam sendo amadurecidos. Hoje o post é uma carta a um ou alguns velhos (ou não tão velhos assim)
cientistas.
Eu nunca fui a Harvard. Diferente
do honorável Professor Edward O. Wilson, cujo livro acabo de ler com gosto.
Neste livro, Prof. Wilson repete várias vezes o quanto nós, jovens cientistas,
somos necessários. Venho por meio desta carta lembrar do quanto você, velho
cientista, também é necessário! E urgentemente imprescindível, no mínimo para
seus alunos.
Escrevo em nome dos
pesquisadores-alunos, ics, mestrandos e doutorandos, órfãos, semi-órfãos,
filhos de vários pais científicos, ou de um convencional orientador.
Velhos cientistas, vocês são
necessários!
Nós, que nunca fomos a Harvard,
não somos formados após a formatura. Somos gado novo, sem peso suficiente pra
ser mostrados na Exposhow da ciência.. Nossa raça é indefinida, misturada,
brasileira. Não somos ensinados na graduação o que é ser profissional, o que é
ser Biólogo/Ecólogo em um mundo “mudado” e em um mercado de trabalho que nos é
limitado por muitos motivos. Tentamos correr atrás do prejuízo, mas é muito
difícil enxergar um problema quando se está dentro dele..
Nós entramos em um mestrado e
damos de tudo pela ciência, mas não nascemos prontos. Somos gado novo. Somos
formiguinha. Os velhos cientistas são nossos orientadores, mentores, ícones e
exemplos. Eles passam pelo departamento muitas vezes silenciosos, outras vezes
irônicos, ou ultra-rápidos. Cobram inovação, cobram publicação ao lado do
bebedouro. Mas e a formação? Muitos dos que dizem ser esse tipo de observação
um mimimi, mas na verdade o que pensam é MIM-MIM-MIM. Orientadores, se coloquem
no lugar dos seus alunos. Vocês já devem ter ouvido falar de cherry picking e
outras dificuldades na formação e sucesso de um cientista, certo? Já fui a
palestras magnas e li textos o suficiente para defender que hoje é mais difícil
pra gente em muitos aspectos. Publish or perish, corta de verbas, falta de
bolsas (essa eu já estou calejada), falta de espaço, bolsas didáticas-merreca,
falta de material, de método.. Será que os velhos cientistas também poderiam se
aperfeiçoar em serem orientadores, no ritmo em que seus bons alunos o fazem em
ser alunos?
Se eu não fosse bióloga, seria
psicóloga. Já ouvi muito de muitos alunos e sim, de alguns professores. Ah se o
blog mostrasse tamanha frustração, espera, e o quanto qualquer atitude/não
atitude do velho cientista influenciam na formação do jovem.. Mas aí os
orientadores costumam a tratar alunos como um coletivo, “alunos”. “Tem aluno
que faz isso, tem aluno que faz aquilo, um absurdo”. Alguma vez você se
perguntou, ou perguntou a eles, se estava dando atenção suficiente? Ah... nem
brinca né! Após essa frase, talvez muitos velhos cientistas abandonem o texto e
voltem pra outra aba do Chrome ou Safari.
O que sempre me agradou na
ciência é a progressão da interação Mestre-Aprendiz, que leva a maravilhas na
vida científica dos dois. E quando se fala em sala de aula, isso é tão especial
quanto. Só prestei Biologia porque a Biologia ensinada pelo meu professor era FASCINANTEMENTE
ensinada por ele e aprendida por mim! Na minha visão, essa progressão no mundo
acadêmico deveria ser sempre única e especial, como sempre foi para mim. Visão
romântica demais, talvez. Porém, vejo casos em que essa progressão se tornou
número. Número de alunos, número de papers de impacto maior que 2.0. Cadê a
calma? Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo – Disse o pensador. Será que
os velhos cientistas deveriam refletir sobre seus alunos de forma menos
atropelada por prazos?
Como vamos procurar novos mundos na Terra?
Como teremos uma vida na ciência se não tiver vida pulsante, mergulho
interativo, sintonia na ciência entre os próprios autores das obras? Temo por
uma ciência rasa e asséptica, de linha de mercado.
Que tal uma busca ao pensar
juntos sem levar em conta prazos, assinaturas às pressas, mas sim Descobertas e
Questionamentos? Vamos a Harvard: - Quando
falei a ele sobre equilíbrio, falei das ilhas próximas e distantes como estando
“saturadas”. MacArthur disse: “Deixe-me pensar um pouco sobre isso”. Eu confiei
que ele iria descobrir algo. Eu já tinha visto indícios da engenhosidade de
MacArthur.. - Em diversas discussões esses caras formularam uma Ecologia moderna
e fundamental! Trocavam cartas e as liam, diferente dos e-mails que, se hoje
tiverem mais do que 4 linhas, não serão lidos pelos orientadores, ou mesmo por
co-autores! Eles, os velhões se encontravam, sentavam e pensavam juntos. Não
soa nada difícil a iniciativa que foi publicada em 1967 para o mundo.. Que tal
desacelerar e ouvir?
E falando em parcerias, disse
Wilson: “Minhas dificuldades em Harvard aumentavam (...) Os mais velhos e mais
reconhecidos do corpo docente que trabalhavam com as mesmas disciplinas ou
estavam completamente absorvidos na tarefa de cuidar dos seus jardins
acadêmicos ou estavam em negação”. – Nem Harvard pode ser perfeita, mas de fato
se mostra um grande exemplo por meio de Wilson, que nos valoriza, os jovens
cientistas, e nos diz que somos necessários! Aliás, também não é nada mal regar
seu próprio jardim. Portanto, lembrem-se: velhos cientistas, vocês são necessários,
e isso vai muito além da sua assinatura!
Oi pessoal! Feliz ano novo! De volta às postagens com fôlego
renovado!
Bem, há duas formas de encarar o mestrado: ou você entra na
briga ou adquire uma postura de derrotado. As duas posturas estão em um
continuum...Nesse contexto, eu evoco novamente o mestre Yoda:
O título do post é “como sobreviver a um mestrado paulera”,
pois acredito que deve haver mestrados não pauleiras, eu não duvido, mas a
minha experiência foi paulera. Eu sabia que ia ser difícil e assumi o risco,
entrei de cabeça, e foi assim que aconteceu.
Antes de entrar nos pormenores, gostaria de dizer novamente
que esse post é sobre MINHAS impressões e opiniões.. são dicas que funcionaram
bem para mim =D, ou aprendizados após muita tentativa e erro.
Desafios e excessos
que eu tive no mestrado
Resumindo bem, a pergunta do meu mestrado foi: “Existe um
limiar de fragmentação para morcegos?” Capturei 1500 morcegos em 15 áreas em SP ao
longo de um ano. Depois analisei os dados, fui pros EUA fazer um outro trabalho
(FAPESP-BEPE) e voltei. Tudo durou 28 meses. Isso incluiu muitos desafios, e aqui
comento alguns:
-Sempre curti campo à noite, porém campos a noite podem ser
mais cansativos quando se vive em um mundo diurno. Isso porque o mundo é
diurno, restaurantes fecham bem antes das 15h em cidadezinhas pacatas, e, geralmente no primeiro dia de campo ficávamos acordados e trabalhando mais de
15 h seguidas. Era muito cansativo.
-Sempre curti morcegos, porém quando caíam mais de 50 em
menos de três redes e só eu era capaz de tirá-los, era #tenso!
-Sempre curti ecologia, mas eita ciência complexa hein!
-Sempre curti estudar, mas a literatura vem avançando tão
rápido que me sinto permanentemente desatualizada.
-Sempre curti estatística, mas quando os outros explicam ela
parece tão mais fácil do que é quando eu tento estudar sozinha!
Aqui cito a amiga Julia Oshima, que em 20 de Janeiro de 2015
publicou um desabafo/texto legal sobre ser ecólogo pesquisador: “Não basta ser ecólogo, tem que ser artista,
matemático, domador, piloto, estatístico, filósofo, jornalista, malabarista,
programador, humorista, vendedor e ainda saber contar histórias de forma
interessante pro revisor gostar de você”. Ou
seja, não é fácil não! (Don´t become ascientist)
E foi paulera também porque foi uma
transição, foi um crescimento de conhecimento e experiência de magnitude nunca
antes sentida por mim. Foi sair da casa dos pais. Foi pagar as próprias contas.
Foi muito mais work hard do que play hard.
Como eu sobrevivi?
Inspiração e obstinação
Primeiro, me inspirei em pessoas ao redor que passaram por
perrengues bem maiores que o meu. Aqui, perrengue quer dizer uma porrada de
campos para fazer, e depois planilhar, analisar e escrever.. e submeter, e
tentar viver em meio a tudo isso! Segundo, eu estava obstinada a terminar o
projeto, eu me apropriei dele e vivi por ele. Terceiro, mensagens motivacionais
de mim para mim foram essenciais! E aí também entram as mensagens motivacionais
do meu ex-orientador Marco Mello, que nem imaginava o que eu estava passando,
mas sempre emanava mensagens e ensinamentos positivos. Além disso, meus amigos
foram essenciais (valeu Julia, Nat, Pavito, Vini!).
Ter um orientador legal
Contar com um orientador top que me deu condições top de me
desenvolver e aprender: Miltinho.
A interação com o meu orientador foi essencial, assim que
acabaram os campos (antes até) ele repetia que eu tinha que ir pra fora, que eu
tinha que pedir bolsa BEPE, nunca me deixando 100% na zona de conforto ahaha..
obrigada, Miltinho. Ao mesmo tempo, algumas vezes ouvi ele dizer: “Rê, vai
tomar uma cerveja”, “Rê, vai curtir a mamãe e cachorrinho, vai”. Ainda bem que
eu seguia os conselhos dele hahaha...
A minha dica é: se odeia seu orientador, faça um favor, mude
de orientador.
Descanso e ostracismo
Descanso foi essencial.. entrei em uma bolha familiar que me
foi plausível, de final de semana eu descansava muito, via filmes, e lia livros.. e me afastava dos meus amigos
(o que foi um ERRO e estou pagando por ele!). Sim, quem está ao seu redor pode
ajudar ou atrapalhar em muito sua vida de mestrando: mas o resultado final depende mais de você e da sua interação com seu
orientador!
Leia leia leia
Depois que eu fui para o BEPE (ver post aqui), voltei e
tinha muitas coisas a terminar ainda. Já que tinha muito a terminar e entender,
estudar foi fundamental. E absorver pode levar tempo. Tem coisas que
aconteceram em um trabalho de 2013 que eu só entendi outro dia! Isso porque eu
li, li, e agora absorvi! Tem conceitos de estatística que conheci em 2012, mas
só fui entender em 2014, e explicar para uma terceira pessoa ainda é um
desafio.
Seja bom, não seja bobo
Outra coisa que me ajudou muito, mas depois quase atrapalhou
foi o envolvimento com várias atividades e demandas do laboratório. Sempre alguém
precisa de orientação para usar um programa, revisar um projeto, coletar,
analisar, discutir. Sempre há uma aula pra ser dada, um telefonema a ser
atendido, um resumo a ser traduzido para algum camarada do lab. Sempre me
envolvi muito em atividades paralelas, até que vi que a frase: “me ajuda, é
rapidinho” é um mito rsrsrs...mesmo as coisas rapidinhas e não planejadas podem
atrapalhar muito quando se tem prazos planejados a cumprir. No ano passado
aprendi que um pesquisador não precisa de uma agenda semanal. O planejamento
deve ser mensal e anual! Se bobear, bianual.. Os projetos começam a ficar
grandes demais, parcerias te prendem em um trabalho que nunca vai ter fim
(nunca mesmo!). Ou seja, você quer mesmo ser cientista? Se sim, aprenda que o
trabalho nunca tem fim, mas sua vida sim! Então invista muito em organização,
pois o que se leva dessa vida é a vida que se leva. Uma estratégia é resolver
coisas boa parte somente com momentos marcados/agendados previamente. Isso
funciona bem, e ainda deixa sua rotina com momentos flexíveis para se
direcionar a coisas não agendadas. Uma coisa que funciona bem pra mim é pedir
que nada de trabalho seja normalmente
discutido no facebook, mas sim no email. Bem mais agradável poder abrir seu
facebook sem ter que abrir mensagens chatas no final de semana sobre: “Então,
você pode me ajudar no meu trabalho, tipo hoje? É pra amanhã”. Ou nada mais
brochante que abrir o email domingo à noite contendo um prazo de uma demanda do
lab esquecida que vence na segunda, mas só você abriu o email, e muito
provavelmente só você estará resolvendo o pepino.
E aí entra outro anti-herói no mestrado paulera, a WIFI no
celular.. É quase que irresistível para mim entrar no email de fim-de-semana,
mas vim lutando contra isso no último ano, pois isso estava me deixando muito
ansiosa e eu estava me sentindo mal e sentindo na pele a parte péssima de ser workaholic (um worklover que fugiu do controle). Então cuidado para não virar
um workaholic!!! Se trazer trabalho pra casa ou pros dias de descanso te faz
mal, injete uma dose de amor próprio e corte o mal pela raiz! Deixe o trabalho
no trabalho. Pós-graduandos também amam, também sofrem, também merecem relaxar =D.
E por fim, aprenda a apanhar!
Um dos grandes lances para seguir feliz na ciência é
aprender a ouvir críticas, e chegar a um balanço dinâmico entre humildade e
ousadia, que funciona para o seu progresso pessoal e como cientista. Hoje eu
sinto um aperto no coração muito menor quando ouço críticas do que quando
comecei lá na IC. A gente vai ficando calejado em levar nãos, acredite! O
segredo é ir de queda em queda sem perder a motivação e curiosidade de fazer
descobertas. Afinal.. o cientista que mais recebe “sims” é muito provavelmente
o que mais recebe “nãos”, seja por agências financiadoras, apoios, ou revistas.
Então pare de mimimi, e vá a luta!
Eu sobrevivi!
E depois?
Bom, depois de sobreviver ao mestrado, lembre-se que o
trabalho não acabou. No mínimo você deveria dar um retorno à sociedade em forma
de divulgação científica do seu produto final, e também submeter o seu
manuscrito para contribuir de fato com a Ciência, expondo-o ao crivo de seus
pares. E depois, vem o doutorado, ou não!
Agora, entre nós, dizem que é fácil entrar no doutorado, o difícil
é sair..
Espero ter contribuído para sua sobrevivência, ou pelo menos
para seu entendimento ou distração.. Caso queira compartilhar alguma dica de
sobrevivência, poste aqui, quem sabe um dia construímos um manual?
Lembrando que todo esse processo teve momentos muito bons e muito dolorosos também, mas foi uma opção minha participar de tudo. E todas as coisas que deixei de fazer
no mestrado foram opções minhas, pensadas, dei prioridade máxima ao trabalho.
Se me arrependo? Não! Mas hoje ganhei maturidade suficiente para escolher como
quero encarar meu doutorado. Não vou levar o doutorado da mesma maneira, pois
ganhei eficiência em muitas atividades que antes demorava muito mais, e ganhei
tempo também (olha, quatro anos! Ou pura ilusão?).
Esse vídeo a seguir é uma boa analogia para o medo dos prazos ao decorrer do mestrado, uma das cenas que mais me deu medo até hoje! Mas o bom é que:"A vida sempre encontra um meio rs!"
#Oi pessoal, recentemente fiz um curso magnífico de R com o excelente #doutorando e amigo Pavel Dodonov, e gostaria de compartilhar 10 #práticas/atitudes saudáveis para se iniciar um script no R que aprendi #apanhando ao longo do tempo:
#1. remover todos os objetos, é uma prática saudável de vez em quando!
rm(list=ls())
#2. o USO DO IGUAL "=" e da setinha "<-": uma coisa é igual a outra? nem #sempre!
c(1,2,3)-> a #entende e funciona espelhado
a<- c(1,2,3)
a=c(1,2,3)
c(1,2,3)=a #não funciona espelhado!
#3. tenha um sistema de nomes, qual é o nome do seu objeto mais importante? #Eu gosto de "dados", o Pavel gosta de "coisa".
#4. os exemplos do help podem ser grandes amigos, se você não entende como #uma função funciona!
#5. default quer dizer= padrão! É o que o programa/função vai considerar/fazer #automaticamente, caso você não mexa nas configurações/argumentos. Se você #quer saber quais são os defaults da função, digite o nome da função:
#exemplo:
rnorm
#function (n, mean = 0, sd = 1) média zero, desvio padrão um!
#.External(C_rnorm, n, mean, sd)
#<bytecode: 0x000000001027ffd8>
#<environment: namespace:stats>
#6. O comando str(dados) é muito útil para ver se você importou seus dados #corretamente!
#7. Se você estiver trabalhando no seu script no Windows, aperte control+R para #mandar rodar seu código. Se você estiver em um Mac, use command+enter.
#8. Lembre-se sempre de revisar comandos grandes: Duas principais fontes de #erro: ou escreveu o nome errado, ou o tipo de
#objeto não é aquele vc pensava. Quanto mais vezes você der control+R #cegamente, maior será sua frustração e irritabilidade.
#9. não subestime o tempo para fazer um gráfico. Não basta fazer bem a análise, #tem que comunicar bem o seu achado!
#10. A maioria das pessoas que se consideram "Normais" não conseguem ficar 8 #horas seguidas mexendo no R, então encontre seu tempo ótimo. Quando sentir #que a quantidade de erros seguidos é bem maior que acertos, não bata a cabeça #no teclado!
#Salve tudo.. e relaxe, faça um alongamento, planeje seus próximos passos e vá #com deus! Outra opção ótima é procurar a resposta para seu problema em #fóruns (há vários!!!), começando sempre pelas palavras chave do seu problema #no querido Google!
#E você, tem alguma boa prática que acha que todo mundo deveria pelo menos #saber que existe? Compartilhe, pois o R dominou o mundo dos ecólogos!
Oi pessoal, depois de um tempo sumida, eu volto com o
repasse do simpósio internacional de ecologia (PPGECMVS), que rolou em BH de 25 a 27 de
Setembro. Aqui vou deixar vocês por dentro do que rolou, acrescentando minha
visão pessoal do negócio. Acabei de defender o mestrado, então o simpósio,
cheio de temas diferentes, veio em boa hora. Não vou falar de tudo, para não
ficar chato, mas enfatizarei o que foi mais marcante para mim.
Organização primorosa, tudo saiu muito melhor do que eu
poderia imaginar, e com certeza a qualidade desse simpósio superou o outro
simpósio internacional de ecologia do qual eu participei na UFSCar em 2011. O
nível de discussão foi alto, com perguntas relevantes da plateia e temas
urgentes sendo abordados, como defaunação (Prof. Dirzo) e soluções polêmicas
para a mesma (refaunação?). Além disso, temas clássicos e “pedras filosofais”
da ecologia foram parte das apresentações, e tivemos a honra de assistir a
palestra de encerramento do Prof. Robert Paine (sim, aquele das espécies chaves
que você leu no livro do Begon!).
Basicamente a qualidade e a forma de apresentação me despertou
tanto interesse que pode ser refletida na quantidade de folhas anotadas no
bloquinho que veio de brinde. Nunca escrevi tantas anotações em um congresso/simpósio
quanto nesse rsrsrs!
A parte de limnologia foi incrível, top, conheci o trabalho
de professores que estão fazendo um trabalho ótimo, como o Prof. Pompeu em
Minas, o qual é uma figura inspiradora!
Além de toda
qualidade das discussões, tudo foi apresentado sem “pesar” ou abusar da atenção
e energia dos inscritos. O tempo foi, na medida do possível, bem planejado e
raramente uma palestra foi maçante. Com exceção das mesas redondas, nas quais
sempre tem aquele palestrante que passa demais do tempo por empolgação ou falta
de planejamento, foi tudo bem conectado, uma apresentação complementava a outra
sem aquela redundância chata típica de mesas redondas mal planejadas.
Infelizmente as mesas ruins formam a maioria das que já vi, nas quais os palestrantes
ou apresentam seu doutorado sem conectar com algo maior e apresentam temas
muito desconexos ou o oposto, apresentações extremamente redundantes (tipo
aquelas em que a frase, “como professor tal antes disse e explicou” umas 20X).
A discussão sobre método científico foi produtiva e
bem-humorada (marca registrada dos mineiros), relembrando formas de se adquirir
o conhecimento (cesta e lanterna, Popper, Kuhn e Lakatos), a importância da
pesquisa orientada por hipótese e o falso dilema entre naturalista versus os
“hipotéticos-dedutivos”. A irreverente fala do Prof. Parentoni gerou muita
reflexão sobre o que é ciência. Nem me lembro mais de quando foi que vi uma
palestra em congresso que não “precisou” de slides projetados!
Enfatizou-se também a importância (Og de Souza) de haver a
fase de pensamento criativo na ciência, hoje em dia, com pressões por
publicação e mil prazos, não temos mais
tempo para pensar como deveríamos ter! Concordo totalmente com isso! Isso
leva ao risco de se fazer ciência às avessas, no qual você tem que gerar
resultados, discussões, produtos (papers) em prazos que não bateriam no tempo
que um aluno precisa para absorver e externalizar decentemente seu aprendizado!
Bom, é isso.. E você que foi ao simpósio, gostaria de
compartilhar um ponto alto? Comente aqui embaixo!
Do mais, parabéns a toda organização do Simpósio e espero
ver mais encontros como esse, seja em Minas ou em outro estado. É claro que se
for em Minas a minha pré-disposição já será maior rsrsrs!
Agora algumas fotos relacionadas ao evento:
Logo do ECMVS:
Villa Parentoni e agregados:
Professor José Galisia Tundisi comentando sobre problemas da água em São Paulo:
Oi pessoal, já estou escrevendo o repasse do Simpósio e vai ficar muito legal! Tem muita informação boa para falar, incluindo tendências de pesquisa em Ecologia e o que rolou a partir da minha perspectiva crítica e etológica de estudante.
De antemão, a grande tietagem do simpósio: Prof. Robert Paine! Honra poder conhecer e assistir uma palestra dele!
Eu, Mitra e Prof. Robert Paine. Pingas mineiras em segundo plano.
Aconteceu em Julho de 2013. Demorou, mas o grande dia, o mais esperado, o mais almejado na minha vida de bióloga, aquele que resolveria o dilema, a dúvida que pendia entre o ser possível e o “não tenho jeito para a coisa”*.
Como deu trabalho.. e o mais engraçado é que a gente pensou tanto para alcançar a simplicidade máxima. A grande descoberta pessoal do meu primeiro paper é que, para publicar, você precisa trabalhar exaustivamente para conseguir ser o mais claro e simples o possível (obrigada MARM)!
Não sei se as sensações que eu tenho sobre mim mesma como pesquisadora serão sempre as mesmas.. Aliás, espero que algumas dessas sensações passem: Além do meu constante sentimento de defasagem científica diário, vem também a superação, reflexão, o subestimar meus dados, e a luta entre a menininha que abraça sua hipótese de pelúcia e a cientista cética que as chuta!
Pelas pesquisas que tenho feito ultimamente, posso identificar e listar para vocês algumas fases recorrentes comuns a elas todas**.. espero que se identifiquem. E caso ainda não tenham passado por por essas fases ao longo de sua pesquisa, já fiquem avisados que elas existem!
**Atenção, essas são as minhas impressões...conheço outros colegas que tem visões diferentes e que passam por outros estágios, sejam eles o “tesão por resolver qualquer mistério” ou o “querer cortar os pulsos”, ou mesmo a fase “bala no orientador” srsrsrs!
O Encantamento: para mim, a parte mais gostosa de todas... talvez mais até do que o publicar. É aí que você, com calma, procura lacunas na ciência, perguntas relevantes, que fazem sentido.. angústias científicas que você gostaria de resolver. E aí você aplica todo aquele conhecimento de método científico para escrever o seu projeto! É lindo.. as discussões com o orientador ou demais co-autores, aquela “viagem” e ideias fluindo. Aí você embasa suas hipóteses, define um bom delineamento, algo exequível.. nesse momento você fica bem otimista com o campo também, ou com a coleta de dados.. E você usa muito da sua criatividade, o que é muito legal!
A angústia: após 3 meses de submetido, a aprovação do projeto ainda não saiu.. o relógio correndo e você começa a pensar nos problemas logísticos que terá se não começar os campos AGORA! (nesse momento sinto que muitas pessoas vão se identificar).
O vislumbre: isso é novo, isso vai ser muito útil! Projeto aprovado, tenho grana, bora pro campo/lab/museus do mundo!
A estafa: depois de metade dos campos concluídos a fadiga toma conta de você. Essa fase é um limiar real. Muitas pessoas nesse momento pararão de fazer os campos por falta de tempo/dinheiro/energia e analisarão tudo daquele jeito mesmo. Outras pessoas terão uma crise durante mais ou menos um mês, quando vão chorar, conversar com amigos, refletir e chegarão na conclusão de que elas não são vítimas da própria pesquisa. Aí elas pararão de se sentir como vítimas e levantarão, sacudirão a poeira e darão a volta por cima, cumprindo todas as etapas da melhor maneira possível (sangue+suor+lágrimas). Outras pessoas desistirão da pós-graduação e da vida acadêmica.
A fase “Acabei os campos”/”Acabei o experimento”/”Acabei os sequenciamentos”/”Acabei de medir todos os bichos do museu”: ESSA FASE É UMA DELÍCIA! Agora você tem A PLANILHA! Você olha deliciada para aquela planilha e vai comemorar, pagando rodada de pinga pra galera! A fase organizar estágio relâmpago no exterior: se resume a LOUCURA! Mas vale a pena! A queda do coqueiro: Aí você começa a fazer os primeiros EDAS, gráficos exploratórios.. e pula logo pro que interessa.. para aquela associação que você esperava (já que sua hipótese ainda não era modular naquela época rsrs..). Seu coração bate apertado quando você vê que o padrão que você esperava não é tão claro.. ou que nem era um padrão! E você quebra a cabeça pensando no que pode explicar aquilo, mas depois de não se satisfazer com suas explicações, você vai dormir, ou tentar dormir, chateado, pensando que você é uma m###a de pesquisador rsrs! Fase “já se passaram dois anos..”: essa fase faz qualquer um refletir muito. Por exemplo, em um mestrado, é fim de bolsa, mas a pesquisa não acabou. Cadê o artigo? ... tenso..
Bom.. no momento eu estou na fase “já se passaram dois anos”. Conforme eu for conhecendo novas fases, atualizo aqui. E vocês, tem alguma fase recorrente na sua vida acadêmica? Compartilhe!
*na época, a publicação resolveu essa dúvida, mas hoje em dia ainda tenho muitas outras, afinal papers não são tudo, embora sejam muita coisa!